A cultura da doação como um ato de ‘esperançar’ dias melhores

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28.10.22

Por Otacílio do Nascimento, Diretor executivo da Fundação Toyota do Brasil

Como estimular a sociedade a estar mais engajada com a cultura de doação, tão necessária para o desenvolvimento de projetos socioambientais? Além de apresentar muitas nuances, essa pergunta urge por uma resposta. Se, por um lado, há um perceptível aumento das necessidades sociais e ambientais, oriundas da crise econômica aprofundada pela pandemia do novo coronavírus e do desequilíbrio da relação entre o homem e a natureza, por outro, não existe uma cultura de doação estabelecida que estimule a atuação da sociedade civil em ações de voluntariado, mutirões ou doações financeiras para organizações sociais.

No Brasil, a chamada cultura da doação ainda prevalece em cenários de tragédias, calamidades públicas, e demais situações que geram comoção. É preciso enxergar o ato de doar como um instrumento de cidadania, através do qual é possível promover transformações reais no meio em que se vive, fazendo com que o doador privado deixe de exercer um papel passivo para desempenhar uma função ativa, que defende causas, faz doações, busca o resultado e procura entender o impacto da sua ação. 

Em 2020, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) publicou um estudo sobre os rumos da cultura da doação no Brasil, no qual faz um comparativo com o perfil dos doadores individuais em 2015 e em 2020. A publicação evidenciou uma queda de mais de R$3 bilhões no volume de doações. 

O percentual de doadores de todos os tipos (dinheiro, bens e trabalho voluntário) também diminuiu. Segundo o estudo, de 2015 para 2020, o percentual da população que havia feito algum tipo de doação caiu 11%, indo de 77% para 66%. 

Analisando sob a ótica dos investidores sociais (institutos, fundações e fundos filantrópicos que investem recursos de forma planejada para iniciativas culturais, sociais, científicas e ambientais de interesse público), de acordo com Censo 2020 realizado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), R$ 5,3 bilhões de reais foram investidos pelas instituições que participaram da pesquisa, dos quais 8% representam Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Independentes (organizações sem fins lucrativos mantidas por mais de uma instituição e/ou indivíduos, de origens diversas). 

Segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2020, havia mais de 800 mil OSCs em atuação no país. Dessas, apenas 22 mil, ou seja, 2,7%, contaram com recursos federais entre os anos de 2010 e 2018. As doações privadas representam, portanto, uma importante parcela no financiamento de projetos sociais de organizações sociais. A pesquisa também traz outros dados relevantes: todos os 5.570 municípios brasileiros têm OSCs e, até 2019, foram verificados mais de 2 milhões de vínculos formais de trabalho envolvendo essas organizações.

A Fundação Toyota do Brasil (FTB) faz parte do hall de instituições sem fins lucrativos que atua apoiando iniciativas comprometidas com a promoção da educação e da sustentabilidade, palavra que tem origem no latim sustentare, significando “sustentar”, “apoiar” e “conservar”. E é o que temos feito, sempre buscando a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que norteiam os trabalhos das organizações ao enquadrar suas causas específicas em problemas mais amplos, estabelecendo metas alcançáveis mundialmente. Projetos como o do Instituto Arara Azul, que atua desde 1989 na conservação das araras-azuis, e das araras canindé, contam com o apoio de doadores privados para a captação de recursos que serão utilizados nas atividades diárias, além de adotar outros formatos para que as pessoas possam apoiar a iniciativa, como a possibilidade de adoção de ninhos e filhotes. Para isso, contamos, ainda, com uma rede de parceiros também dispostos a construir uma realidade mais justa e digna para todos. Um exemplo é o projeto ReTornar, realizado em parceria com a Toyota do Brasil e com foco na metodologia do Upcycling, onde conseguimos reaproveitar diversos resíduos produzidos pelas fábricas, como airbags  e cintos de segurança, e transformá-los em matérias primas para grupos de costura de Indaiatuba e Sorocaba. 

Por meio de doações recebidas, a Fundação Toyota do Brasil também apoia outras iniciativas que focam na área da educação a partir de projetos sociais e ambiental, bem como na qualificação profissional de mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTQIA+. É o nosso modo de contribuir para um mundo mais equânime e consciente, principalmente quando o assunto é o acesso a oportunidades de modo igualitário.

A atuação das organizações da sociedade civil materializam o que Paulo Freire chamava de “esperançar”: “…Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!…”, disse, certa vez, o educador e filósofo brasileiro. É tempo de engajar os mais diversos tipos de atores da sociedade civil na filantropia para atingir um bem comum, tão urgente nos dias de hoje. Acreditar na cultura da doação é, também, uma forma de querer bem, de ter empatia e cuidado com o outro e com tudo o que nos rodeia. É esperançar que um novo e melhor presente-futuro é possível – mas que precisamos, nós mesmos, entender o nosso alcance e o das nossas atitudes para a construção de um país repleto de gente feliz e vestido de natureza viva.

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